A pandemia causada pela Covid-19 interrompeu o fluxo regular de cirurgias eletivas por meses, levando ao acúmulo de casos aguardando procedimentos cirúrgicos. O tratamento cirúrgico da hiperplasia benigna da próstata (HPB) foi um dos que sofreram grande impacto, com elevado número de pacientes, em sua maioria idosos, em uso de cateter vesical de demora, que tiveram suas cirurgias adiadas, principalmente nos serviços públicos de saúde.

Ao identificar essa situação, a equipe de Urologia do Hospital do Idoso Zilda Arns, em Curitiba, liderada pelo Dr. Thiago Hota, com apoio da Russer/Lumenis, idealizou o projeto humanitário Curitiba sem Sonda, entre os dias 16 e 28 de novembro de 2020. Todo o material associado especificamente ao método, como as fibras, gerador e morcelador, foram doados pela Russer/Lumeniis, enquanto os custos com insumos básicos hospitalares foram custeados pelo hospital, e os médicos envolvidos não receberam qualquer benefício financeiro para a realização do evento.

Em duas semanas foram realizadas 33 enucleações endoscópicas da próstata pelos urologistas Thiago Hota, Gino Pigatto Filho e Tiago Cesar Mierzwa. Dessas, 25 HoLEP (Holmium Laser Enucleation of Prostate) com uso da tecnologia MosesS, cinco HoLEP tradicionais e três BipoLEP (Bipolar Enucleation of Prostate). A tecnologia Moses, recentemente autorizada para uso clínico em nosso País, permite a enucleação com Holmium laser, com uma hemostasia mais rápida e mais efetiva, levando a redução do tempo cirúrgico e altas ainda mais precoces.

Do ponto de vista assistencial, o projeto ofereceu procedimento com maior perfil de segurança (menores índices de sangramento, transfusões e reintervenções), além de melhores resultados em longo prazo. Em tempos de pandemia, quando a escassez de leitos é ponto crítico, a realização da enucleação permite alta hospitalar precoce para a maioria dos pacientes (período de internação inferior a 24 horas), fato que reduz os custos e melhora toda a cadeia de assistência.